segunda-feira, 20 de junho de 2016

Prática de Mindfulness

Experimente uma Prática de Mindfulness
Cuidados e Sugestões Antes de Iniciar
Alguns cuidados e orientações são importantes para quem pretende iniciar e manter uma prática meditativa ou de mindfulness:
De preferência, encontrar um lugar silencioso e com pouca ou nenhuma distração. Plugues de proteção sonora para os ouvidos podem ser utilizados em locais mais barulhentos;
Reservar tempo e espaço na agenda diária para a prática meditativa. Independente do tempo que se pretende praticar naquela sessão (5, 10, 15, 30 minutos, etc.), o uso de um despertador, que marque o fim da sessão, é recomendado para que o praticante evite ficar preocupado em olhar o relógio durante a prática;
Usar roupas confortáveis e adequadas para a temperatura do local. Lembrar que a temperatura corporal pode cair levemente durante a prática meditativa, assim o uso de um cobertor leve pode prevenir eventuais desconfortos;
Sentar ou deitar em posição que permita pouco ou nenhum desconforto durante o tempo de prática. O uso de colchonetes, travesseiros ou almofadas é recomendado. O pescoço deve estar em posição neutra e confortável. A coluna deve estar ereta quando sentado, com ombros alinhados, e mãos apoiadas nas pernas, para se evitar desconforto na cintura escapular;
Os olhos podem estar fechados ou abertos. Quando abertos, estes devem ficar relaxados, sem focagem específica;
Evitar refeições copiosas ou jejum muito prolongado antes das práticas;
Meditar por períodos menores no começo (5-10 minutos), aumentando o tempo da prática progressivamente, conforme possibilidades e necessidades de cada um;
Ser persistente e regular com as práticas meditativas, melhores benefícios e progressos virão com a prática diária e regular;
Meditar em grupos e/ou ter um instrutor qualificado pode ajudar na adesão e manutenção das práticas. O uso de meditações audio-guiadas podem ajudar também;
Escolher as técnicas e tipos de meditação que mais bem se adaptem às necessidades e preferências de cada um;
Ter em mente que algum desconforto, nas costas ou nas pernas, por exemplo, pode ocorrer no começo em iniciantes. Tentar achar uma posição mais confortável pode ajudar nesses casos;
Ter em mente que as práticas meditativas podem eventualmente trazer à tona estressores ou traumas preexistentes e/ou reprimidos, o apoio de um instrutor qualificado e/ou de um profissional da saúde é importante nessas situações.
Ouça também nosso áudio sobre cuidados e orientações gerais para a prática de mindfulness, clicando aqui.
IMPORTANTE: Apesar dos inúmeros benefícios e da simplicidade das técnicas meditativas, tanto profissionais quanto pacientes devem ter consciência de que as mesmas não substituem os tratamentos médicos e de outros profissionais da saúde. 
NÃO É RECOMENDADA a prática de mindfulness para pacientes em fase aguda de qualquer condição clínica, ou para pacientes com risco de crise dissociativa, tais como portadores de transtornos de personalidade, esquizofrenia, entre outros (a não ser que estejam em programas específicos para suas necessidades, e sob supervisão de um profissional experiente no tema). Sobre esse tema, leia também:  ¿PUEDE PRODUCIR LA MEDITACIÓN EFECTOS ADVERSOS?
PRÁTICA
ATENÇÃO PLENA NA RESPIRAÇÃO 
A seguir será apresentada uma técnica meditativa do tipo “mindfulness” que utiliza como âncora a própria respiração. É segura e de simples aplicação para a população geral e pacientes. Tendo como base os cuidados e orientações explicitados anteriormente, deve-se seguir os passos abaixo:
  1. Adotando uma posição confortável, sentado ou deitado, deixar o corpo se estabilizar na posição. Pode-se fazer uma ou duas respirações mais profundas para se trazer a atenção para o corpo, como também começar lentamente a observar as sensações no corpo naquele momento (contato do corpo com o chão ou cadeira; temperatura da pele, possíveis desconfortos, etc.);
  2. Gradualmente começar a trazer a atenção e a observação para os movimentos do corpo durante a respiração, como por exemplo os movimentos do tórax e do abdome na inspiração e expiração do ar; ou ainda a sensação do ar entrando e saindo pelas narinas durante a respiração. É importante seguir o fluxo natural da respiração, sem tentar alterá-lo, apenas observando-o;
  3. Mantenha então a observação da respiração como âncora da atenção e da mente no momento presente, momento a momento, a cada respiração;
  4. Eventualmente, se alguma distração, pensamento, sensação, ou preocupação vier à tona, gentil e simplesmente apenas perceba, e deixe passar, sem se prender ou julgar, voltando novamente a observação para a respiração;
  5. Antes de encerrar a sessão, traga novamente a atenção e a observação para as sensações em todo o corpo naquele momento, e lenta e gradualmente termine a prática.
  6. Ouça também nosso áudio com uma prática de 3 minutos de mindfulness, clicando aqui
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– Veja também o vídeo “Meditação em um instante” de Martin Boroson , disponível gratuitamente na internet, e que apresenta uma prática breve de atenção plena na respiração, de maneira simples e divertida.
[Veja mais videos sobre mindfulness no canal Mente Aberta Mindfulness Brasil no Youtube]
– Existem também apps de mindfulness (para celulares – clique aqui) e muitos cursos de mindfulness onlineveja aqui algumas opções 

https://mindfulnessbrasil.com/o-que-e-mindfulness/pratica-de-mindfulness/

domingo, 12 de junho de 2016

A homossexualidade

Tenho amigos que tardaram até um ano para me contar que são homossexuais. Hoje em dia, falamos que eles são aceitos na sociedade, que não são mais considerados como desviantes “outsiders” [Becker] ou, fora da norma social.
Então, por que aguardar tanto tempo se é algo considerado como “normal”?Hoje, a minha pergunta é essa.
Para compreender melhor, perguntei a um de meus amigos homossexuais por que ele confessou ser homessexual tanto tempo depois descobrir que o era. Ele respondeu: “Não sabia como seria a reação das pessoas quando eu contasse, por causa do preconceito, então faço amizade com as pessoas, demonstro como sou, e, se eu tiver confiança, conto. Na realidade, isso sempre foi algo que planejava, mas não executava, talvez por medo de não saber a reação das pessoas. Então, desde quando conversei com você, aí sim, faço isso. Depois de um certo tempo de convívio com as pessoas, finalmente digo que sou gay! “
– Pensar a homossexualidade na França
Então pensei, procurei entender melhor. Na sociologia francesa, a homossexualidade é um fenômeno social muito estudado. Também, porque desde o 17 de maio de 2013, o casamento “para todos” (homossexual) é legal. Então, na França, muitos sociólogos que estudaram esta pergunta.
Primeiro, antes de poder ser aceito pelos outros, tem de aceitar a si mesmo. Porém, mesmo assim, às vezes fica difícil ser aceito pelos outros.
– As sanções sociais
Quais são as sanções sociais que existem sendo homossexual? Varias! São principalmente sanções informais, violências morais, tais como olhares desaprovadores, observações negativas, chacotas (escárnios) ou injurias. A forma mais violenta acontece com atos de violência física. Esses atos são o resultado da homofobia. Ainda hoje, existem numerosos casos de homofobia. A homofobia é um rejeito da diferença, tais como o racismo, a xenofobia, etc. manifestado pela familia, os amigos, os vizinhos, as pessoas com quem o indivíduo trabalha etc.
– Ser aceito pelos outros
Em função das sanções sociais, do olhar dos outros e das reações, fica mais ou menos difícil para aceitar a sua homossexualidade. A reação das instâncias de socialização, tais como a familia e os amigos, é quase determinante na identidade do indivíduo. Essa atitude vai ter consequências no fato de querer deixar a homossexualidade visível, ou não. Então, a aceitação de si mesmo é um desafio importante depois de perceber que o indivíduo é homossexual. Geralmente, o mais difícil para este indivíduo, não é ser homossexual em si, é ser aceito pelos outros como tal.
– O apoio da familia e dos amigos?
Este processo de aceitação é um processo particularmente importante na vida do indivíduo. Geralmente, os indivíduos gostam e precisam ser apoiados pela familia e pelos amigos durante as etapas importantes e complicadas na vida. Porém, muitas vezes, acontece que a família não é tão presente para o indivíduo, ou porque ela não aceita esta diferença, ou porque o indivíduo tem medo das sanções sociais que poderiam acontecer em decorrência disso.
– A homossexualidade, cada vez mais aceita pela sociedade
Para terminar, sendo um pouco mais positiva, a homossexualidade está, cada vez mais, aceita na sociedade. O processo de aceitação é lento. Porém, tenho certeza que é cada vez mais considerada como algo “normal”.  Na geração dos meus avós, era extremamente mais complicado ser homossexual do que nos dias de hoje. Um exemplo claro, é que as novelas mostram, cada vez com mais frequencia, casais homossexuais considerados como integrados na sociedade, isso permite perceber eles, como quaisquer outros casais, e se acostumar a esta diferença.

quarta-feira, 8 de junho de 2016


O PROCESSO DE LUTO E O FIM DOS RELACIONAMENTOS

‘Era uma tarde quente e abafada, e Eros, cansado de brincar e derrubado pelo calor, abrigou-se numa caverna fresca e escura. Era a caverna da própria Morte.
Eros, querendo apenas descansar, jogou-se displicentemente ao chão, tão descuidadamente que todas as suas flechas caíram. Quando ele acordou percebeu que elas tinham se misturado com as flechas da Morte, que estavam espalhadas pelo solo da caverna. Eram tão parecidas que Eros não conseguia distingui-las.
No entanto, ele sabia quantas flechas tinha consigo e ajuntou a quantia certa. Naturalmente, Eros levou algumas flechas que pertenciam à Morte e deixou algumas das suas.
E é assim que vemos, frequentemente, os corações dos velhos e dos moribundos, atingidos pelas flechas do Amor e, às vezes, vemos corações dos jovens capturados pela Morte.
(Esopo, Grécia Antiga, in Meltzer, 1984)

O luto é um sistema de sentimentos que acompanham o processo da perda de algo ou alguém, podendo ser um namorado (a), um familiar, um animal de estimação, um artista querido, um emprego, entre outros (estes são chamados pelos estudiosos de ‘objetos de amor’).
Segundo Freud (1917) ‘o luto é, em geral, uma reação à perda de uma pessoa amada, ou à perda de abstrações colocadas em seu lugar, tais como a pátria, liberdade, ideal, etc’.

É um processo doloroso e que não deve ser interrompido ou impedido, não é considerado uma patologia, pois é natural na vida de todos os seres humanos, a menos que essa reação seja extremamente exagerada ou causando dano excessivo à saúde física e mental. A perda do objeto amado é muito difícil no início, até que a pessoa se acostume à sua ausência e isso seja internalizado de forma gradativa.
Kubler – Ross propõe cinco estágios discretos pelos quais pessoas que estão lidando com a perda de um objeto de amor ou que estão em situações terminais costumam passar. Esses estágios são:


  1. Negação – Dificuldade de aceitar e acreditar que isto realmente aconteceu, defesa contra a dor da perda. Pensamento: ‘Isso não pode estar acontecendo comigo’;
  2. Raiva – Sentimento de raiva pelo o que aconteceu, pessoa sente-se inconformada. Pensamento: ‘Porque eu? Não é justo’;
  3. Barganha – A pessoa percebe que a raiva não resolve nada, busca-se algum tipo de negociação interna para que tudo volte a ser como antes. Pensamento: ‘Me deixe viver/Não deixe ele (a) ir’;
  4. Depressão – Sentimento de tristeza, culpa, desesperança, surge a percepção que a raiva e a barganha não resolveram nada. É quando o sujeito começa a tomar consciência da nova realidade que a perda traz. Pensamento: ‘Estou tão triste. Porque devo me preocupar com alguma coisa?’;
  5. Aceitação – A pessoa não nega mais a realidade e procura aceitar a perda. Pensa em enfrentar a situação, começa a surgir um sentimento de paz, não de felicidade. Pensamento: ‘Tudo vai acabar bem’.
Não necessariamente esses processos ocorrem nesta ordem, eles podem se misturar e ir e vir em diversos momentos; também não são todas as pessoas que passam por todos eles, alguns podem passar por todos e outros por menos, mas ao menos um será vivido.
Muitas vezes outro estágio aparece, o da culpa, mas geralmente quando se passa por esses cinco a pessoa tende a visualizar uma melhora em seu processo e bane esse sexto estágio. Entretanto, os que desenvolvem a culpa, tem uma chance maior de patologizar a situação, ou seja, de desenvolver algum tipo de patologia decorrente disso e precisar de tratamento especializado.
O luto decorrente da morte é encarado com maior naturalidade, pois além de acontecer com todas as pessoas, se sabe que aquele ser se foi e as lembranças boas permanecerão na memória e no coração. Já o luto decorrente do término de um relacionamento é mais penoso do que a dor da morte, pois aquela pessoa sempre estará ali, se relacionando com outras, quebrando promessas e sonhos que haviam sido feitos a dois.
Em geral diversas pessoas procuram acompanhamento terapêutico para esquecer traumas relacionados a relacionamentos que acabaram e nesse caso a culpa se faz mais presente, a pessoa pergunta-se porque não foi suficiente para manter aquela situação e acaba necessitando de ajuda especializada.
Muitas vezes uma situação que se apresenta ruim para nós tende a nos trazer grande aprendizado no futuro, além das histórias de superação e a possibilidade de auxiliar entes queridos caso isso ocorra para com eles.

http://mundodapsi.com/luto-fim-relacionamentos/

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Por causa do que aconteceu na semana passada, Marcelo Matte e eu (Léa Mougeolle) decidimos escrever um artigo sobre este assunto (estupro). Infelizmente, não temos soluções para terminar com este ato. Porém, vamos pôr em frente algumas perguntas que merecem ser tratadas.
– Definição do estupro
O estupro é um ato não consensual do sexo, imposto por meio da violência. As vítimas são principalmente as mulheres. Os poucos homens que são vítimas de estupro têm vergonha de contar. Então, sempre teremos que ter cuidado com as estatísticas relativas aos estupros. Na maioria das vezes, o estuprador conhece a vítima. Existem 5 tipos de estupro:  Primeiro, os estupros dentro da familia, ou seja, o incesto. Segundo, os estupros dentro dos casais. Depois, os estupros coletivos. Também, tem os estupros onde o estuprador é desconhecido. Enfim, os estupros impostos por amigos ou pessoas que a vítima conhece.
– Comportamento desviante
O estuprador tem um comportamento desviante. Na verdade, este comportamento não corresponde às normas e valores sociais valorizadas na sociedade. Respeitar, não drogar, não violentar e não estuprar um indivíduo são valores e normas valorizadas na sociedade. Então, a maioria dos indivíduos integrou e respeita esse sistema. Porém, existem alguns “outsiders” (Becker) ou indivíduos desviantes que não respeitam isso. A pergunta é por qual razão? Por que 23 amigos decidem drogar, violentar e estuprar uma menina de 16 anos? Existem várias explicações de um estupro. Tem a vontade do prazer sexual, o estupro da vingança, o estupro patriarcal e o estupro de iniciação (primeira tentativa de relação sexual). De qualquer maneira, qualquer estupro tem que ser sancionando negativamente.
Vendo alguns comentários na Internet, prefiro lembrar que uma mulher tem o direito de se vestir do jeito que ela quiser. Vou dar um exemplo significativo, pelo menos para mim. Sendo francesa, jovem, quando caminhava no Rio de Janeiro, não colocava maquiagem para ter menos homens passando por mim falando “gostosa”. Por causa de alguns homens brasileiros, não me sinto livre no Brasil. Com certeza o estupro é um extremo de não respeito. Porém, acho que os homens deveriam pensar nos atos deles mesmo também… A mulher tem o direito de ser livre, da mesma maneira que o homem.
– O estupro E a sanção
As sanções sociais e o controle social permitem limitar os comportamentos desviantes na sociedade. As sanções sociais são realizadas pelo Estado, pelos amigos, pela familia, etc. Porém, no caso do estuprador da menina de 16 anos, os amigos dele não sancionaram esta ideia de estupro, pelo contrário. Além disso, li nas Mídias que o governo tardou para sancionar negativamente os jovens. Assim, parece que a sociedade não sancionou bastante este estupro. Porém, acho bom que a sociedade, pelo meio das redes sociais na Internet, lembre que é importante lutar contra a cultura do estupro.
– Cuidado com os preconceitos relativos aos favelados
Para terminar este artigo, queria lembrar que é importante ter cuidado com os preconceitos sobre os favelados. Este caso podia acontecer dentro ou fora da favela. O fato de ser favelado não tem relação com o estupro. Um favelado não é um estuprador! Os favelados sempre valorizaram a pergunta de respeito. (Na minha experiência, durante um ano, fui mais respeitada dentro da favela que fora dela). O fato de ir ao baile funk não tem relação com o estupro, também não. É fácil criticar… Mas, é mais difícil criticar com argumentos certos! Alguns teriam que pensar antes de escrever o que eles escrevem. Agora deixo Marcelo continuar e terminar este artigo…

O fato ocorrido no dia 26 de Maio desse ano, onde uma jovem, na cidade do Rio de Janeiro, foi violentamente estuprada por 33 homens que tiveram a audácia de filmar e publicar o vídeo nas redes sociais, foi considerado, por muitos, uma barbárie, algo revoltante, porém, despertou um assunto que, no Brasil, sempre acaba voltando à tona quando o tema é o estupro. A culpabilização da vítima

– Culpabilização da Vítima
“A culpa é delas”. Foi o que revelou um estudo realizado pelo IPEA com relação ao estupro. 58,8% dos entrevistados responderam que o comportamento feminino influencia estupros. Respostas como “se as mulheres soubessem como se comportar haveria menos estupros”, e até frases como “mulheres que mostram o corpo demais merecem ser atacadas” surgiram na análise. Após, foi verificado que o número era menor, que houve um erro na contagem dos números, porém, as frases citadas acima faziam sim parte das respostas dadas pelos entrevistados.
Isso demonstra algo preocupante, o fato de que muitos consideram que a vítima é a culpada pelo estupro sofrido por ela. Um exemplo é o fato de muitas mulheres atacadas terem sua vida pregressa pesquisada, para assim saber se elas “pediram ou não” para serem violentadas.
Como foi relatado por Léa Mougeolle, houve uma grande mobilização nas redes sociais a respeito do assunto, surgindo diferentes opiniões, alguns solidarizando-se com a vítima, outros demonstrando uma inversão de valores considerando ela a responsável pelo ocorrido, e outros defendendo que escrever qualquer coisa nas redes sociais não colabora em nada com a discussão.

– O debate nas redes sociais
Com relação ao ato criminoso ocorrido, é estranho o fato de que ainda no século 21 as mulheres sofram não só esse tipo de violência como ainda tenham que lidar com comentários como “se ele estivesse em casa isso não ocorreria”, ou “se ela estivesse trabalhando isso não ocorreria”. Vale lembrar que no estupro contra a mulher ela é a VÍTIMA.
Nas redes sociais foi fácil verificar que muitos consideraram que escrever sobre o estupro não colabora em nada com a luta contra a violência. Porém, também foi fácil verificar que muitos dos que consideraram que escrever sobre o fato não ajuda em nada, colocaram as cores da bandeira da França na sua foto de perfil após os ataques terroristas ao Charlie Hebdo e outros pontos de Paris.
A pergunta que fica aos críticos é: Se escrever em solidariedade à jovem estuprada não ajuda em nada na luta contra a violência, colocar as cores da França em sua foto de perfil contribui exatamente com o quê na luta contra o terrorismo?
Essa é mais uma demonstração de que muitos ainda possuem dificuldades em respeitar opiniões contrárias. Vale ressaltar que as pessoas têm o direito de se manifestar, e que o respeito à uma opinião contrária é o pilar para qualquer tipo de debate.
O fato ocorrido com a jovem por si só foi traumático, o que se estranha na sociedade atual, é o fato de que traumáticos também podem ser considerados os comentários a respeito do assunto. A culpabilização da vítima é algo que colabora com a impunidade, e demonstra que o machismo ainda é algo presente no mundo contemporâneo.

http://www.sociologia.com.br/o-estupro/